O América Futebol Clube , mais conhecido como América Mineiro e Coelho, é um time de futebol de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.
Fundado há mais de 100 anos por um grupo de jovens, o clube se tornou um dos mais tradicionais do estado.
Bora conferir como tudo começou e como tem sido a trajetória do Coelho até os dias atuais.
Fundação do clube
Alunos que fundaram o América Fonte: CampeoesdoFutebol
A história do América Futebol Clube começa no antigo colégio Gymnasium Anglo-Mineiro, uma instituição com aulas ministradas em inglês que era frequentado pela elite mineira.
Um grupo de alunos empolgados com a ascensão do futebol do país decidiu criar o seu próprio time de futebol e, dessa forma, surgiu o América Football Clube no dia 30 de abril de 1912.
Existe uma lenda em torno do nome escolhido. Há quem diga que foi por sorteio, enquanto outros alegam que era uma forma de homenagear os Estados Unidos, já que os garotos estudavam em um colégio com professores norte-americanos e eram admiradores do país.
Entre as outras opções estavam Guarani, Timbiras, Riachuelo e Alerquim. Além de escolherem o nome América, também foram designadas as cores verde e branco para representarem o clube.
O time foi posto em prática oficialmente no ano seguinte e, posteriormente, a grafia foi sutilmente alterada e a cor preta foi acrescentada aos uniformes.
Os primeiros anos e a supremacia estadual
América-MG decacampeão Foto: Divulgação / site do América-MG
Logo no ano seguinte da fundação, o time se fundiu com o Minas Gerais Futebol Clube, fazendo com que o elenco crescesse bastante.
Em novembro de 1915, começou um período de glórias que ficou marcado não somente na história do clube, mas também no futebol mineiro.
O América venceu a Equipe dos Ingleses da Mina do Morro Velho por 3 a 0, que era formada por jogadores ingleses e, até então, era imbatível.
Entre 1916 e 1925, o Coelho conquistou todos os campeonatos mineiros e se consagrou decacampeão estadual.
Nesse meio-tempo, em 1919, o clube teve sua primeira vitória em confrontos interestaduais contra o América carioca.
Um ponto vermelho na história
Camisa vermelha do América no centenário em alusão ao protesto Foto: Rodrigo Fuscaldi / GloboEsporte.com
No começo da década de 1930, o futebol mineiro ficou marcado pela disputa entre duas ligas que atuavam ao mesmo tempo e dividiram os clubes do estado e pela instauração do profissionalismo no esporte.
Essa transição do amadorismo para o profissionalismo foi bem complicada para o América, que ameaçou abandonar o esporte em diversos momentos. Sendo o maior clube mineiro da época, sua renúncia teria um grande impacto, então a Liga e até mesmo seus rivais, apelaram para que o time não desistisse.
O Coelho acabou acatando o profissionalismo no futebol, mas houve muita resistência internamente e, como forma de protesto, o clube adotou a cor vermelha durante 10 anos.
Foi em 1943 que o clube retomou as suas cores originais e, após a fase conturbada, ganhou seu primeiro título mineiro após o decacampeonato em 1948. Encerrando um jejum de 23 anos.
Os anos seguintes não trouxeram títulos, mas 1952 ficou marcado pela maior goleada do clássico contra o Atlético, onde o Coelho venceu por 7 a 2.
Outro destaque foi a primeira excursão internacional para a Europa em 1956. A campanha foi bastante positiva com 14 vitórias, 10 empates e apenas 4 derrotas.
Na temporada de 1957, o América foi campeão de todas as competições promovidas pela Liga Mineira. Conquistou o campeonato estadual em nível profissional, juvenil e aspirantes, sendo o 1º clube mineiro a conseguir a “Tríplice Coroa”.
O ínicio da Era Mineirão
Jornal da época Foto: Divulgação / site do América-MG
Sem ganhar o Campeonato Mineiro há alguns anos, o América deixou a taça escapar por pouco em 1964. O clube só precisava de um empate contra o Siderúrgica, mas não conseguiu o resultado.
Além de perder o título, o Coelho também perdeu o direito de participar da Taça Brasil de 1965, ano em que seria a inauguração do Estádio Mineirão, o que daria visibilidade a nível nacional para o clube.
O ano de 1964 já não estava bom e os americanos precisaram lidar com outra infelicidade. Nesse período em que também começava a ditadura militar no Brasil, um dirigente simplesmente encerrou as atividades do departamento de juniores sem o consentimento do alto escalão do clube.
Ele “liberou” todos os jogadores da equipe juvenil alegando problemas financeiros, mas, até hoje, os reais motivos seguem desconhecidos. Com isso, jovens promissores como Tostão, Hilton Oliveira e Vanderlei foram para o rival Cruzeiro, que acabou montando uma equipe brilhante.
Com a inauguração do Mineirão em 1965, o futebol mineiro foi transformado e o estado passou a ter mais destaque no cenário nacional. Entretanto, os primeiros anos da “Era Mineirão” não foram favoráveis para o América.
O clube teve o azar de ficar apenas com o vice-campeonato em 5 ciclos desde o último título e passava por crises financeiras e administrativas. Enquanto isso, os times rivais cresciam e seguiam com um bom desempenho.
O “Abacate Atômico”
Elenco do América campeão de 71 Foto: Divulgação / site do América-MG
Após anos de dificuldades, o clube trocou de presidente e Ruy da Costa Val passou a ocupar o cargo em 1970.
Para representar uma nova era, ele encomendou a concepção de uma nova camisa que fosse diferente de qualquer outra no Brasil. O resultado foi uma camisa verde-negra que trouxe sorte ao clube e foi a 3ª mais vendida em São Paulo.
Um ano após o lançamento, a equipe finalmente conquistou o primeiro título estadual no Mineirão. Em 1971, o Coelho foi campeão invicto e o período ficou conhecido como o “ano de ouro do futebol mineiro”.
Em referência ao novo uniforme, o clube recebeu o apelido de “Abacate Atômico” por ter atingido marcas históricas, com destaque para os craques Jair Bala, Dario Alegria, Amaury Horta e Dirceu Alves.
Ainda em 1971, o América participou do primeiro Campeonato Brasileiro da história com outros 2 clubes mineiros e 22 clubes no total. Apesar de não ter se saído muito bem na competição, o Coelho conseguiu permanecer na Série A.
Com pouco suporte financeiro e crises administrativas, em 1979, o clube se despediu da Primeira Divisão após 9 participações consecutivas.
A reestruturação
Estádio do Independência antes da reforma
O começo dos anos 1980 contou com desempenhos medianos, até que a alegria veio em 1988 com a aquisição do Estádio Independência.
Ao se tornar o único time da capital mineira a possuir um estádio próprio, o Coelho recuperou forças para iniciar uma nova fase.
Em 1990, o clube foi vice-campeão da Série C do Campeonato Brasileiro e ficou em 3º lugar no campeonato mineiro. No ano de 1992, veio mais um vice-campeonato estadual e o acesso à Série A no Brasileirão.
Depois de 21 anos, o América foi campeão estadual em 1993 com 13 vitórias, 3 empates e somente 1 derrota, trazendo alegria aos torcedores após muitas frustrações.
Outro título importante na década foi o de Campeão Brasileiro da Série B de 1997. Três anos depois, em 2000, o Coelho conquistou a primeira edição da Copa Sul-Minas que contava com 15 clubes e 10 campeões nacionais da região Sul e do estado de Minas Gerais.
Os anos 2000
Elenco do América campeão da Série C de 2009
O novo milênio começou bem para o América, já que o clube venceu seu 15º campeonato estadual logo em 2001.
Entre 2003 e 2008, o Coelho passou por um período de declínio. Com salários atrasados e problemas em algumas contratações, foi necessário apostar nas categorias de base, fazendo com que o time tivesse a menor média de idade nos Campeonatos Brasileiro da Série B de 2003 e 2004.
Em 2005, o time voltou para a Série C pela segunda vez na sua história. Apesar disso, conseguiu o bicampeonato da Taça Minas Gerais.
Para muitos, o pior ainda estava por vir. Em 2007, o clube foi rebaixado no Campeonato Mineiro e deixou de ser a única equipe mineira a ter participado de todos os estaduais, o que era uma honra até então.
O Coelho fez o possível para renascer das cinzas e conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C de 2009. Em 2010, conseguiu um acesso relâmpago à Série A, mas caiu novamente no ano seguinte.
O centenário e anos mais recentes
América no centenário Foto: Gabriel Santos Fulcadi
O ano de 2012 marcou o centenário do América e o retorno às finais do Campeonato Mineiro, algo que não acontecia há onze anos.
Apesar de não ter vencido o rival Atlético na final, o Coelho fez uma boa campanha para honrar a história do clube.
Ainda como parte das comemorações, o uniforme vermelho foi utilizado em uma partida oficial depois de 70 anos.
Em 2016, o time voltou a disputar a elite do futebol nacional, mas acabou sendo rebaixado. No mesmo ano, o jejum de 15 anos foi quebrado e mais um título do Campeonato Mineiro foi conquistado.
No ano seguinte, em 2017, o América garantiu o segundo título do Campeonato Brasileiro da Série B e ficou como vice em 2020 por causa do saldo de gols, mas, na mesma temporada, conseguiu chegar na primeira semifinal de Copa do Brasil da sua história.
O ano de 2021 trouxe mais um destaque: o vice-campeonato estadual. Além disso, o clube ficou em 8º lugar no Campeonato Brasileiro e garantiu uma vaga inédita para a Libertadores de 2022.
Apesar de ter atuado bem na partida de estreia, o Coelho não conseguiu reverter o desempenho em gols e perdeu por 1×0. Na segunda partida, a decisão foi para os pênaltis e a equipe Guarani (Paraguai) levou a melhor.
O América continuou disputando a Série A nos anos de 2022 e 2023, mas a última campanha não foi o suficiente e, em 2024, o clube mineiro tentará, mais uma vez, se sair bem na Série B.
Como surgiu o mascote Coelho?
Coelho, o mascote do América
Em 1945, o cartunista e jornalista Fernando Pierucetti, também conhecido como Mangabeira, criou os mascotes dos principais clubes mineiros, a pedido da redação “Folha de Minas”. Ele também ficou famoso por ter criado o “Canarinho” da Seleção Brasileira.
Apesar de ser torcedor do América, o mascote reservado ao clube não agradou a torcida: o Pato Donald. Dizem que isso aconteceu porque, na redação onde ele trabalhava, a maior parte da equipe era de torcedores atleticanos e isso o pressionou.
A ideia era que o Pato Donald representasse o lado americano do time por conta de sua nacionalidade e por ter um espírito questionador e polêmico. Entretanto, a torcida repudiou o mascote e Mangabeira decidiu expor qual era a sua preferência de mascote desde o início: um coelho.
De acordo com o criador, “o América era um clube aceso, sempre pronto para o que desse e viesse. Ao mesmo tempo, era um clube delicado, de torcida fina. Um coelho, não é?”.
Aí sim a torcida aprovou o novo mascote e o mesmo foi adotado definitivamente.
História do América – Parte 1
História do América – Parte 2
História do América – Parte 3
Gostou de saber mais sobre a história do América Futebol Clube? Então, acesse meu canal no YouTube e me siga nas redes sociais (Instagram e Tik Tok ) para ficar por dentro de outros conteúdos sobre futebol.
Até a próxima!