A Associação Atlética Ponte Preta é um clube com mais de 120 anos de história, sendo considerado o segundo mais antigo do Brasil.
Além de ser um dos destaques do interior paulista, o time também foi pioneiro na luta contra o racismo no futebol.
Vem com o Roteiro por Estádios para saber mais sobre a história da Macaca, incluindo o motivo desse apelido tão popular.
Uma ponte, um bairro e um clube
Ponte que deu origem Foto: Blog da Ponte
No final do século XIX, a construção da malha ferroviária no Brasil contribuiu para o surgimento de diversos bairros e, em Campinas (SP), não foi diferente.
A Estação Central de Campinas foi fundada em 1872 e passou a integrar a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, extensão da São Paulo Railway.
Esse acontecimento levou a construção de uma ponte que recebeu um revestimento de alcatrão para minimizar os efeitos da fumaça dos trens, fazendo com que ficasse conhecida como Ponte Preta, assim como o bairro que surgia ao redor.
Em 1897, alunos do colégio Culto à Ciência limparam um terreno próximo à ponte e demarcaram um campo de futebol com traves de gols feitas de bambu.
Mas foi em 11 de agosto de 1900 que a Ponte Preta foi realmente fundada e recebeu o nome do seu bairro de origem.
Esse é o clube mais antigo do estado e o segundo mais antigo do país, antecedido somente pelo Sport Clube Rio Grande que foi fundado em 19 de julho de 1900.
Dentre os fundadores estão Luiz Garibaldi Burghi, Antonio Oliveira, Alberto Aranha, Dante Pera, Zico Vieira, Pedro Vieira da Silva e Miguel do Carmo que, por sua vez, foi o primeiro jogador negro a atuar por um clube de futebol brasileiro.
Momentos importantes da Ponte Preta
Elenco da Ponte Preta na final do Paulista de 2008 Foto: Portal CB
Os primeiros anos da Ponte Preta foram uns dos melhores. O clube conseguiu o acesso à elite do futebol paulista em 1951, caiu em 1960, mas voltou em 1969, sendo campeão da Divisão Especial.
Em 1970, o clube foi o primeiro do interior do estado de SP a disputar um campeonato nacional (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) e, no ano seguinte, também foi o time do interior pioneiro no Campeonato Brasileiro.
Além disso, a Macaca foi vice-campeã Paulista em 1929, 1970, 1977, 1979, 1981, 2008 e 2017, conseguiu chegar às semifinais do Campeonato Brasileiro de 1981 e da Copa do Brasil de 2001 e foi vice-campeã da Copa Sul-Americana de 2013.
A equipe ficou na elite do futebol entre os anos de 2002 e 2005, mas, infelizmente, foi rebaixada para a Série B do Campeonato Brasileiro e permaneceu até 2011.
No âmbito estadual, a Ponte conseguiu se manter na elite, mas só voltou a disputar uma final do Campeonato Paulista em 2008, algo que não acontecia há 27 anos.
A partida foi contra o Palmeiras e, apesar do time interiorano ter ficado com o vice-campeonato, seu desempenho foi acima da média e rendeu prêmios ao goleiro Aranha, lateral direito Eduardo Arroz e meia Renato.
Trajetória da Ponte Preta
Elenco Ponte Preta na final da Sul-Americana de 2013 Foto: ESPN
Em 2009, a Macaca conquistou o título do Troféu Campeão do Interior em uma partida contra o Barueri (atual Grêmio Prudente) e o bicampeonato em 2010 ficou no “quase”.
O Campeonato Paulista passou a ter um novo sistema em 2011 e a Ponte chegou até às quartas de final. No Campeonato Brasileiro, a equipe terminou em 3º lugar na Série B e garantiu o retorno à elite nacional.
O ano seguinte apresentou um time estável com a classificação para as quartas de final do Paulistão e uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, sem correr risco de rebaixamento em nenhum momento.
A primeira final internacional veio em 2013 quando a Ponte disputou a final da Copa Sul-Americana contra o Lanús da Argentina. A equipe campineira garantiu o empate na primeira partida em casa, mas não venceu na terra dos hermanos e ficou com o vice-campeonato.
Atualmente, a Macaca disputa a Série B do Campeonato Brasileiro e luta desde 2017 para voltar à elite do futebol nacional.
Pioneirismo na luta racial
Bandeira “Macaquice” da torcida da Ponte Preta Foto: Roteiro por Estádios
Conforme mencionei anteriormente, Miguel do Carmo foi, não apenas um dos fundadores da Ponte Preta, como também o primeiro jogador negro de futebol brasileiro a atuar por um clube.
Isso era algo impensável na época, pois os times que praticavam futebol no país eram, majoritariamente, da elite branca e alguns até proibiam a presença de negros.
Como o clube surgiu em um bairro de população operária, inclusive formada por imigrantes negros, isso contribuiu para que o preconceito fosse deixado de lado e para que todos os jogadores pudessem ter a chance de defender o time campineiro.
Entretanto, isso não impediu que as torcidas rivais fossem hostis com os negros presentes tanto no time quanto entre os torcedores. Dessa forma, a Ponte Preta era comumente recebida com gritos de “macacos” e “macacada”.
A torcida campineira optou por encarar essas ofensas de uma forma diferente e adotou a Macaca como apelido e mascote do clube. Inclusive, esse é um dos poucos mascotes brasileiros do gênero feminino.
Alguns fatos sobre a Ponte Preta
“Dérbi Campineiro” Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC
A maior goleada da história da Ponte foi em uma partida contra a Portuguesa FC em 29 de setembro de 1929. A equipe campineira venceu por 13 a 1.
Em 1949, o Juventus passava por uma crise financeira muito séria e, por pouco, o clube da Mooca não se fundiu com a Ponte Preta.
A despedida do Rei Pelé aconteceu em uma partida do Santos contra a Macaca em 2 de outubro de 1974. Os santistas levaram a vitória por 2 a 1.
Junto com o rival Guarani Futebol Clube, a Ponte forma um dos clássicos mais conhecidos do país: o Dérbi Campineiro.
Atualmente, a Macaca manda seus jogos no Estádio Moisés Lucarelli. O nome é em homenagem a uma figura importante da Ponte e que reuniu fundos para a construção do estádio.
História da Ponte Preta – Parte 1
História da Ponte Preta – Parte 2
Gostou de saber mais sobre a história da Ponte Preta e quer conferir outros conteúdos sobre futebol? Então, não deixe de acompanhar o Roteiro Por Estádios no TikTok , Instagram e no YouTube .
Até a próxima!